Neste meu mergulho por entre as águas do meu amigo "Velho Chico", e ao observar a sua realidade tenho me deparado com algumas informações que muito me preocupa a sobrevivência do rio nestes seus 500 anos de vida, castigado pela exploração e desatenção, tanto dos poderes públicos quanto dos nossos moradores ribeirinhos.A questão se agrava quando consideramos o estado de degradação das matas ciliares em toda a extensão do rio, e o assoreamento de seu leito.
A nossa bacia Franciscana é algo singular e de uma complexidade hídrica enorme, com grande extensão navegável, que beneficia nada mais nada menos que 15 milhões de pessoas, que se não ficarem atentas para mudanças de hábitos e a reeducação ambiental, pode sofrer danos irreparáveis. E já que lutar pela vida do rio é lutar pela nossa vida, juntos somos mais fortes. E algo pode e deve ser feito com urgência para evitar a morte lenta e sofrida da bacia do São Francisco.
Nas últimas décadas, o São Francisco já perdeu três dos 16 afluentes perenes. Os rios Verde Grande, Salitre e Ipanema tornaram-se temporários, reduzindo o volume de água disponível para navegação, irrigação, pesca e geração de energia. Os três rios deixaram de ser permanentes por causa da ação devastadora de siderúrgicas de Minas Gerais e mineradoras baianas – que utilizavam a mata ciliar na produção de carvão. Além disso, há a poluição provocada pelas cidades. Para se ter uma idéia deste absurdo, temos o mau exemplo de Belo Horizonte, situada na bacia do São Francisco, castiga o principal afluente do Velho Chico, o Rio das Velhas, com o lançamento de esgotos de uma população superior a 4 milhões de habitantes. E muitas cidades ribeirinhas seguem este exemplo já que muitas cidades ainda não têm sistema de tratamento de esgoto e indústrias, despejando toda sujeira no seu leito. Agricultores usam e abusam de agrotóxicos nas plantações as margens do rio e esse veneno também é conduzido para as águas do São Francisco.O desmatamento, além de contribuir para secas constantes nas nascentes do São Francisco e de seus afluentes, provoca a queda de barrancas e, conseqüentemente, e o acúmulo de terra no leito. O que resulta na dificuldade de navegação, pois muitas ilhas já estão formadas em seu percurso.
Faça por você, faça pela sua vida, pela vida de quem dá vida há 15 milhões de habitantes que se beneficiam de forma direta destas águas franciscanas.
"LUTAR PELA VIDA DO RIO É LUTAR PELA VIDA DO POVO". ( D.Cappio)