6 de junho de 2011

Dia internacional do meio ambiente e o Rio CHICO não tem o que comemorar


O Velho Chico pede SOCORRO!!!


O rio também conhecido como o " rio da Integração Nacional", foi descoberto no dia 04 de Outubro de 1501  por Américo Vespúcio. Quando  os índios o batizaram de Opará, que em Tupi Guarani, quer dizer Rio-Mar, rio tão grande quanto o mar. Mas como aquele era o dia de São Francisco, recebeu então este nome cristão em homenagem ao santo.


Com uma extensão aproximada de 2.863 quilômetros, o Velho Chico distribui- se ao longo de 503 municípios ao longo da sua Bacia e cinqüenta e oito por cento do seu curso corta o coração nordestino, levando vida e  sobrevivência aos seus milhões de ribeirinhos.
E além  do Velho Chico ser utilizado para o desenvolvimento de atividades de subsistência, suas águas também possuem o papel importante de geração de energia elétrica, até por que o abastecimento da região nordeste e parte de Minas Gerais dependem do rio São Francisco. 
Ao longo do rio foram construídas seis barragens: Sobradinho, Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso I, II, III e IV e Xingo. A represa de Sobradinho, é vista como o pulmão do Velho Chico, é a principal responsável pela garantia da regularidade de vazão do rio e é projetada para manter o fluxo da água das outras hidrelétricas..No nordeste, a CHESF é a empresa estatal da ELETROBRÁS, que é responsável pela geração e distribuição de energia elétrica em oito dos nove estados da região. O total da capacidade já instalada é de 7815 Mw, sendo que 544, 7 Mw produzidos por usinas termoelétricas e 89% gerados pelas usinas do São Francisco.
 De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens no Brasil (MAB), a construção dessas barragens já expulsou um milhão de pessoas de suas terras, o que acarreta em diversos impactos, tanto ambientais, quanto ao meio físico, já que a expulsão de famílias de uma determinada região representa  um grande impacto nas relações ecológicas com o rio, nas modificações climáticas, e  no desaparecimento de espécies animais e vegetais. 
O rio São Francisco é muito importante para as populações ribeirinhas desde a pré-história brasileira, mas não só as populações ribeirinhas exercem atividades junto ao leito. Ao longo da segunda metade do século passado, indústrias nacionais e multinacionais se instalaram junto ao rio, modificando os ambientes sociais, econômicos e naturais. E na pretensão de um maior desenvolvimento industrial e humano dos estados que não fazem parte da bacia franciscana, ressurgiu o projeto de Transposição do Rio São Francisco, pelos governos federal e estadual.
O projeto é discutido desde 1846 no governo de Dom Pedro II, como a solução para acabar com as secas do nordeste. Essa idéia foi relembrada nos anos de 1856, 1908,1913 e 1919 não sendo mais assunto até 1972. No ano de 2000, o Ministério de Planejamento e Orçamento, por meio da Secretária Especial de Políticas Regionais - SEPRE com base nos projetos e levantamentos disponíveis elaborou um dimensionamento do empreendimento, que analisou a viabilidade técnica, social, econômica e ambiental do projeto do São Francisco.
E desde 2004, encontra-se em andamento o projeto intitulado de “Integração do Rio São Francisco”, onde o mesmo pretende integrar o rio com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, sob responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, destinado a assegurar a oferta de água em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de pequenas, médias e grandes cidades da região semi-árida dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A proposta do projeto do ministério da Integração Nacional tem o intuito integrar as águas do rio São Francisco, às bacias dos rios temporários do Semi-árido, isso só será possível com a retirada contínua de 26,4 m³/s de água, o equivalente a 1,4% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho no trecho do rio onde se dará dada uma qualificação que abrange tudo o que se refere a norte ou boreal. Este projeto hídrico será destinado ao consumo da população urbana de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos quatro estados do Nordeste Setentrional,(Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte).
As reações e discursos sobre este projeto logo se fizeram ouvir, em vários grupos de ações sociais ligados à igreja, grupos de defesas ambientais, associações e ong’s, tais instituições que assume uma posição de esquerda dentro do cenário político e de resistência ao projeto. Elas passaram a agir na organização política desses grupos, nas organizações de movimentos de resistência ao projeto governamental, através de protestos, passeatas e realizações de fóruns de debate. Dando maior visualização ao movimento, esses grupos se reúnem em torno da Frente Cearense por uma nova cultura da água e contra a Transposição das águas do Rio São Francisco, passando a lançar material informativo sobre as razões de seu posicionamento. E no gesto de maior notoriedade contrária à mudança do curso natural do São Francisco, o bispo Dom Frei Luiz Cappio, voltou às atenções do Brasil e do mundo, quando ele realizou uma greve de fome que durou 11 dias, entre final de setembro e início de outubro de 2005, denunciado e protestando contra o projeto de transposição de parte das águas do Rio São Francisco e em defesa a sua revitalização. Ato, este que levou a pesquisadores e a população brasileira em geral a tomar conhecimento e a pensar nos dois projetos governamentais para o rio e regiões que atravessa: a transposição e a revitalização do São Francisco. Cantado em rezas, homenageado em letras de músicas e nas artes em geral, o rio São Francisco, que nas palavras do Frei Luiz: “há muito deixou de ser um acidente geográfico e passou a ser a condição de vida para todo o povo da região“.
De acordo com estudiosos, o vale do São Francisco já perdeu três dos 16 afluentes perenes. Os rios Verde Grande, Salitre e Ipanema se tornaram temporários, reduzindo o volume de água disponível para navegação, irrigação, pesca e geração de energia. Os três rios deixaram de ser perenes por causa da ação das siderúrgicas de Minas Gerais e das mineradoras baianas – que utilizam a mata ciliar na produção de carvão.
 “O rio São Francisco permanece descurado e está entregue à própria sorte. O abandono é nele todo”, reclama José Theodomiro, presidente do Comitê Executivo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do São Francisco, respeitado como a maior autoridade nas questões do rio.
Atualmente o seu leito está cada vez mais assoreado, poluído com a atividade pesqueira diminuída e boa parte da população ribeirinha deixada à própria sorte; como também temos conhecimento de que o São Francisco vem sendo há muito destratado.
De um lado o governo, de outro as populações que convivem diretamente com a realidade ribeirinha, e da mesma forma que é anunciada a resistência da população que insiste em permanecer e lutar pela vida deste rio, em razão de suas crenças, histórias e memórias construídas ao longo de seus cinco séculos de existência.











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